Santo Tomás diz que a alma é a forma substancial do corpo animado. É o princípio do pensamento.
"Assim, talvez o pensamento, a experiência de pensar, seja a mais autêntica experiência que podemos ter de nossa alma. O mistério do pensamento, isso que antes de surgir corporificado em palavras, rompendo a escuridão da caixa craniana, é de alguma maneira burilado nesse lugar inacessível, nesse túnel penumbroso no qual sai feito locomotiva. Meus pensamentos. Até onde são meus? Não saem eles desse lugar inacessível, e mais ou menos prontos? Em que sentido são meus? Será que há mistério mesmo aí? Quem sabe essa estranha escuridão da qual saem os pensamentos, esse silêncio que antecede a voz de minha consciência, seja somente o tempo necessário para que o labor psicoquímico produza frutos? É tão vexatória essa possibilidade, transforma a excelsa ideia do pensamento como "corpo" da alma, em algo muito próximo ao trabalho intestinal que sem o nosso arbítrio faz de deliciosas almondegas, um bolo fecal. Não nos percamos, a inteligência toca os incorruptíveis, há algo nela além para lá do além. Talvez o pensamento, assim como os números em relação ao mundo das formas platônicas, seja a parte mais baixa daquilo o que de mais alto somos".
