(transcrição parcial de áudio)
A eternidade foi o tema de estudo dos grandes teólogos de todos os tempos. Sobretudo os teólogos cristãos. Porque ele implica uma série de problemas que se ligam às ideias religiosas que exigem soluções que satisfaçam. De qualquer forma o conceito de eternidade, implica o conceito de duração. A duração é a perduração do ser. Mas a eternidade é uma perduração diferente de qualquer outra porque é uma perduração do ser em si mesmo, tota simul - totalmente simultâneo. Não é um presente perene como muitos julgam, alguma coisa que não é nem presente, nem passado, nem futuro. É a simultaneidade do próprio ser perdurando em toda a sua intensidade perfectível. Nós conhecemos uma duração das coisas físicas, das coisas cósmicas. Que é a duração das coisas que sucedem, das coisas que acontecem. E nós medimos essa duração, através de comparações com o próprio movimento cósmico que vai constituir a medida de nosso tempo. A duração das coisas cósmicas sucessivas é propriamente o tempo. Ora, o tempo é assim um aspecto já inferiorizado da duração do ser. Não tem aquela forma efetiva da eternidade. Conceberam entretanto os antigo, isso já vem do pensamento gnóstico, de que existe uma perduração intermédia entre a eternidade e o tempo que é eviternidade, que é a duração das coisas que embora tenham um principio jamais terão um fim. A eviternidade é aquela eternidade que nos prometem as religiões. Prometem para o homem uma vida que não tenha fim, embora, pereça a vida de seu corpo, não porém a vida de seu espirito, da sua alma. Agora esses conceitos todos tem bases ontológicas. São perfeitamente adequados ontologicamente. Não são eivados de contradição intrínseca, não têm contradições formais de qualquer espécies. Quanto a duração das coisas sucessivas, ela é da nossa experiência, temos dela uma evidência intrínseca e extrínseca, interna e externa, mediata e imediata. Quanto as coisas que possam perdurar para sempre sem fim, a nossa especulação as alcança facilmente. Até o materialista terá que admitir que a matéria seja indestrutível, que a matéria perdurará para sempre, sendo matéria. E quem defender outra ideia, aceitar que no princípio de todas as coisas uma energia, também, aceitará que ela perdurará ara sempre. Podem as cosias sofrerem transformações, podem elas apresentarem varianças acidentais e substancias, com tudo, atrás delas, há algo que perdura sempre, sendo que é por sua vez o sustentáculo de tudo o quanto está. A esse sustentáculo supremo, os homens dera vários nomes e construíram diversos conceitos. As religiões conceberam-no como um Deus, como um ser de máxima e a absoluta perfeição que é o fundamento último de todas as coisas. Fonte e origem de tudo quanto há. houve ou haverá. Em meio disso tudo o ser humano, de consciência desperta, que volve-se sobre si mesmo e sobre as suas possibilidades, especula sobre elas, julga do seu valor, tende a perscrutar o seu futuro e a querer estabelecer as normas do seu amanhã. Este ser pergunta a si mesmo: serei eu apenas uma coisa que acontece entre coisas, dessas que são apenas transformações substancias e acidentais que passam pela existência, e nada deixam de si? Ou haverá em mim algo que está ligado mais profundo ao que dura sempre, algo que atravessa todos os tempos? Será que não há em mim alguma coisa em comum, alguma cosia a qual seja uma participação daquela perfeição suprema? Se eu sou capaz de alcançar, se sou capaz de especular a tudo isso, pergunta o homem para si: será que entre mim e este ser supremo, há um vazio imenso o qual jamais poderá ser ultrapassado? Naturalmente o homem, reagiu a uma ideia negativa neste sentido, afirmando o que constitui as suas religiões. Isto é, este desejo de religar-se com esse principio, com essa fonte origem de todas as coisas. Cujo desejo estrutura-se, em ritos, em normas de conduta, em modos de proceder. em práticas, em homenagens, em reverências a esse principio supremo que ele precisa penetrar, que ele precisa descobrir e que ele só poderá alcançar se ele o amar profundamente, porque só o amor vence todas as barreiras, só o amor aproxima, só o amor é capaz de ultrapassar todos os vazios.
