terça-feira, 20 de abril de 2021

A primeira via para a demonstração da estupidez geral

 É estranho que alguns estranhem o apreço pela ordem e pela hierarquia. Uma via muito boa para identificarmos a intensidade da estupidez geral, é a via das explicações. Tal via faz parte de minhas cinco vias para a demonstração da estupidez geral. Em suma, ela professa que a maneira pela qual decidimos explicar algo, revela a intensidade da estupidez geral. E olha, já existem livros de grandes autoridades a tentar com a mais avançada ciência, explicar a importância da hierarquia e da ordem. Enquanto, deveria bastar-nos somente uma gripe para percebermos que o menor desequilíbrio da ordem orgânica de nosso corpo, já é o suficiente para deixar em posição fetal qualquer marombado; e mais, para que de uma vez por todas anarquista algum questione a importância da hierarquia, afinal, ao consultar uma clínica médica, certamente escutará com mais atenção os conselhos do médico da clínica, do que as opiniões do porteiro. 

(cabe-nos salientar a meta-análise de nossa via, que demonstrando, nos demonstra uma estupidez maior do que ela mesma é capaz de demonstrar. Séculos atrás, um famoso escolástico tentava demonstrar a existência de Deus, hoje a inteligência afogada nas águas da estupidez, precisa de argumentos para demonstrar a existência daquilo que lhe afoga.)¹


1 - Os parênteses que acrescentamos é uma demonstração perturbadora do quanto a situação de nossa inteligência é ruim.²

2 - O mal é incansável, a estupidez não tem fim! É um fractal de burrice invencível!³

³ ²²³² ¹¹ ³²³²¹³ ³²¹  ³²³²³ ¹²³³²¹³ 



sábado, 17 de abril de 2021

conversa com Deus

   



   Certo dia, pensando essas coisas do alto, conversava com Deus e decidi pedir-lhe algo de material. Pedi e concluí que tudo o que saía de minha boca era indigno e mentiroso. Senti vergonha e para melhorar a situação, resolvi não pedir nada a mim e sim ao próximo. Mesmo assim, de tudo o que saiu de minha boca, só havia indignidade e mais mentiras. Aturdido com a miséria que me era própria, achei melhor nada pedir nem a mim nem a outro, e passei apenas a agradecer. Quanta magnanimidade a minha! A verdade é que em algum lugar nesses agradecimentos, por mais sinceros que eu tentasse que eles fossem, aquilo em mim de inevitavelmente errado, falível e sempre pronto a feder, maculava-os. Logo, percebi que no universo inteiro de todas as frases possíveis, absolutamente só uma poderia ser dirigida a Deus sem que houvesse qualquer possibilidade de indignidade e mentira. A frase é: Perdão ó Senhor. Afinal, mesmo a falibilidade possível naquilo o que se diz, sempre presente por conta da falibilidade daquele que diz, é anulada no pedido de perdão que é infalivelmente a expressão de um desejo que ao mesmo tempo em que deseja, reconhece a própria miserabilidade daquele que deseja.